20 setembro 2010

O Amor Limitado


O Amor Limitado




Algum homem indigno de ser possuidor

De amor velho ou novo, sendo ele próprio falso ou fraco,

Pensou que a sua dor e vergonha seriam menores

Se a sua ira sobre as mulheres descarregasse.

E então uma lei nasceu:

Que cada uma um só homem conhecesse.

Mas são assim as outras criaturas?



São o sol, a lua, as estrelas proibidos por lei

De sorrir para onde lhes apetece, ou de esbanjar a sua luz?

Divorciam-se os pássaros, ou são censurados

Se abandonam o seu par, ou dormem fora uma noite?

Os animais não perdem as suas pensões

Ainda que escolham novos amantes,

Mas nós fizémo-nos piores do que eles.



Quem já armou belos navios para ancorar nos portos,

Em vez de buscar novas terras, ou negociar com todos?

Ou construiu belas casas, plantou árvores e arbustos,

Apenas para as trancar, ou então deixá-los cair?

O Bom não é bom, a não ser

Que mil coisas possua,

Mas arruína-se com a avidez.



( John Donne )

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