20 setembro 2010

Cá Nesta Babilónia


Cá Nesta Babilónia




Cá nesta Babilónia, donde mana

Matéria a quanto mal o mundo cria;

Cá, onde o puro Amor não tem valia,

Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;



Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,

E pode mais que a honra a tirania;

Cá, onde a errada e cega Monarquia

Cuida que um nome vão a Deus engana;



Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,

O Valor e o Saber pedindo vão

Às portas da Cobiça e da Vileza;



Cá, neste escuro caos de confusão,

Cumprindo o curso estou da natureza.

Vê se me esquecerei de ti, Sião!



( Luís Vaz de Camões )

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